12 de fevereiro de 2008

ESPELHO MEU, ESPELHO MEU...

Na vida, estamos sempre encontrando a nós mesmos. É como se todas as pessoas que encontrásemos fossem na verdade espelhos disfarçados de pessoas. Quando ouvi esse ensinamento pela primeira vez, eu o odiei. Resisti a ele com toda a força. Achei que era irritante e insano. Com o tempo, vim a compreender que ele é verdadeiro.


Todo mundo que eu encontro é, em algum nível, um reflexo da minha consciência individual. No passado distante, quando eu me sentia vítima, havia aqueles que estavam extremamente dispostos a desempenharem o papel de perpetrador. Quando eu estava cheia de medo, dor e feridas abertas, todos os meus encontros depois da cortesia inicial se harmonizavam com a energia que eu estava emitindo. Minha energia negativa estava cuidadosamente oculta atrás de uma máscara de amabilidade que as mulheres da minha geração haviam sido treinadas a vestir. Eu conseguia fingir muito bem que tudo estava às mil maravilhas enquanto vivia no inferno.
Ninguém fez isso comigo. Eu o fiz a mim mesma cada vez que neguei quem eu era, cada vez que me acomodei ou disse que não tinha importância quando na verdade tinha, cada vez que eu buscava fora de mim as repostas em vez de procurá-las no meu interior. Não era meu ex-marido que precisava se corrigir para que minha vida corresse bem. Quem tinha de mudar era eu.
Isso não quer dizer que eu tenha assumido a responsabilidade pelo comportamento dele. Quer dizer que eu assumi a responsabilidade pelo fato de o comportamento dele ter se destacado em minha vida. Não somos responsáveis pelo comportamento das outras pessoas, mas somos responsáveis por ele estar na nossa vida. O fato de simplesmente nos retirarmos de uma situação desagradável não é suficiente para ficarmos curados. Para ficarmos curados e não criarmos de novo a mesma desgraça, precisamos chegar à causa subjacente e curá-la. Descobrir exatamente qual é a causa subjacente na nossa vida exige um enorme compromisso com a cura. Mergulhar nessas águas escuras e profundas nunca é muito divertido, mas é sempre necessário a fim de deixarmos de recriar repetidamente o passado.
Considere por um momento quantas vezes você deu consigo na mesma situação antiga. Você jurou que aquilo nunca mais iria acontecer, e aconteceu de novo. Mas desta vez é ainda pior.
Quando ainda estamos adormecidos para a nossa realidade espiritual, fingimos que nada temos a ver com o que aparece em nossa vida. Estamos apenas caminhando tranquilamente, sem causar dificuldades a ninguém, e essa coisa horrível continua a acontecer. É claro que não pedimos que ela ocorresse, ou pelo menos é do que tentamos convencer a nós mesmos e a alguém que esteja disposto a escutar. Projetamos "lá fora" o que é na verdade nossa bagagem negativa, sem reconhecê-la quando ela ricocheteia e nos atinge em cheio no rosto. "Por mais que eu tente evitar", gritamos, "por que essa mesma coisa continua a me acontecer?" Ela está acontecendo por causa de uma profunda crença interior que diz que merecemos ser rejeitados, usados e jogados fora, ou seja qual for a nossa bagagem negativa. Não somos culpados, mas somos feridos.
De quem é a culpa? É um jogo favorito do ego.Descobrir exatamente de quem é a culpa não é o motivo pelo qual estamos aqui. O motivo é curar nossa psique, as feridas da nossa alma, por meio do perdão e do amor.



- Sempre que nos vemos tentados a condenar outra pessoa, secretamente acreditamos que somos apenas dignos de ser condenados. Sempre que julgamos outra pessoa, estamos julgando a nós mesmos -

Texto do livro "Um Curso em Amor" - Joan Gattuso

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