28 de maio de 2008

continuação de: O J Oculto

GARY: Tudo bem. Então, voltando ao nosso sobreestimado amigo Constantino e à algumas das primeiras ações da igreja, vocês estão dizendo que muitos Evangelhos e idéias alternativas sobre J foram destruídos?

PURSAH: Sim, e isso requer uma observação sobre o que acontece com o que é tomado por história. Você pode pensar que nós estamos lhe passando uma história revisada, mas o que você não entende é que tudo é história revisada. Seja história religiosa, natural ou política, a verdade é que você não sabe o que é história. História (* NT: o original faz um jogo de palavras entre ‘history’ e ‘herstory’, querendo dizer ‘história dele’ ou ‘história dela’, em deferência às feministas, que é impossível de ser traduzido em português) é uma história escrita por aqueles que vencem as guerras. Se as forças do Eixo tivessem vencido a Segunda Guerra Mundial, você hoje leria sobre que grandes homens foram Hitler, Mussolini e Tojo, e o Holocausto e os estupros em Nanking – na invasão da China pelos japoneses - seriam citados apenas como uns poucos rebeldes que não se importaram de colocar suas vidas nas mãos deles. Felizmente para vocês, os Aliados venceram a guerra, e vocês são livres para estudarem a espiritualidade ao invés do fascismo. As pessoas nem sempre foram afortunadas o suficiente para acreditarem no que queriam.

Meu ministério depois da crucificação foi principalmente na Síria – eu estive lá quatorze anos antes de Paulo – e eu também fiz longas viagens ao Egito, Arábia, Pérsia e até à Índia. Meu testemunho por J era muito franco e totalmente baseado no que eu o tinha ouvido dizer, tanto em público quanto em particular. Nós não contávamos histórias embelezadas sobre ele naquela época. Os primeiros Evangelhos, como o meu, eram chamados de Evangelhos de Afirmações, porque eram simplesmente listas de ensinamentos que J havia dado, escritos de memória.

Os romances que os Evangelhos se tornaram foram escritos mais tarde, em torno de vinte ou sessenta anos depois das cartas de Paulo, ainda que elas apareçam depois na Bíblia. Pelo fato de eu estar apenas citando as palavras públicas e privadas de J, minhas comunicações, incluindo meu Evangelho, tinham mais de uma compreensão intelectual. Entretanto, muitas das afirmações nesse Evangelho eram muito mais significativas para a cultura do Oriente Médio daquela época, do que para a cultura ocidental de hoje, então, eu vou explicar apenas um pouco do que considero mais relevante para você.

Sendo o americano provinciano que você é, pode ser difícil acreditar nisso, mas, naquela época, as pessoas do mundo árabe eram mais avançadas de muitas maneiras do que os da Europa ou do Império Romano ocidental. Por causa da sua herança, você acha que a Europa era o expoente máximo das aquisições intelectuais. Ainda assim, no Oriente Médio, a cidade de Petra fazia a Europa parecer um cortiço. As pirâmides no Egito não tinham a aparência que têm hoje. Elas eram completamente revestidas de lindas pedras calcárias polidas até ficarem lisas, que podiam ser vistas brilhando por todo o deserto, até uma distância de cem milhas. A biblioteca em Alexandria, no Egito, continha mais de um milhão de documentos, o que incluía a maioria da súmula do conhecimento e da história conhecida da raça humana daquela época. Até que, obviamente, foi parcialmente destruída pelos romanos, através de suas invasões, e foram sujeitas a uma incrível negligência, pilhagem e alguns incêndios.

Não estou dizendo isso para tornar a ilusão real, ou para aumentar o lirismo sobre sonhos noturnos. Estou citando isso apenas para mostrar a você que visão deturpada da história vocês têm. Vocês deixam de lado a Idade Média e pensam que a Europa e a religião que veio a ser chamada de cristianismo foram, de algum modo, superiores ao resto do mundo naquela época. Ainda assim, os europeus foram os piores bárbaros de todos, e não importa se foram as tribos do norte, romanas, ou uma das últimas tribos cristãs, como seus muitos atos violentos provam tão claramente. Infelizmente, a interpretação deles sobre nosso irmão J não era melhor do que a maioria das outras diligências. Sim, os europeus finalmente experimentaram um período de aperfeiçoamento enquanto outras áreas entraram em declínio, ou ficaram para trás, mas a religião cristã foi quase que totalmente desenvolvida antes disso, e, na verdade, agiu como uma força contra a Renascença, assim como ela se opõe ativamente a qualquer coisa que não se encaixe nos estreitos limites da sua teologia ignóbil.

GARY: Você não está sendo muito generosa com o cristianismo. A maioria dos cristãos que eu conheço são boas pessoas.

ARTEN: Não estamos dizendo que não existe algum bem no cristianismo, ou que as pessoas cristãs algumas vezes não sejam o sal da terra. Mas a religião delas é uma mistura de várias coisas, porque o mundo, que é uma projeção da mente que o fez, é uma mistura muito grande. Se a mente vai ser curada, então, precisa de algo que não seja misturado. De qualquer modo, não seja bobo pensando que conhece sua história, porque você só está consciente de uma fração muito pequena e distorcida dela.

Veja a história natural. Existem evidências sólidas, científicas, de que os seres humanos existem sobre a terra por um tempo muito mais longo do que a maioria dos seus cientistas se disporia a dizer em público, porque eles temem que isso vá arruinar suas carreiras. Se eles não se adequarem aos modelos científicos aceitos, então, seu trabalho não é financiado, e, sem dinheiro, eles praticamente morrem na praia. Não espere ser informado tão cedo por seu governo e pelos gigantes intelectuais patrocinados pelas corporações da sua época, mas, a verdade é que espécies humanas construíram e destruíram muitas civilizações altamente avançadas tecnologicamente nesse planeta. O padrão de construir e destruir civilizações tem se repetido muitas vezes, muito além do que você possa imaginar. Aquilo a que vocês se referem como Atlântida é apenas um exemplo, e o mesmo padrão está se repetindo conforme falamos.

A Grande Alma, Gandhi, avisou que há mais na vida do que torná-la mais rápida. Mas o mundo aprendeu muito pouco, enquanto pensa que aprendeu muito.

GARY: Algo que você disse me lembrou de um grupo de estudiosos da Bíblia sobre o qual li, que chegou à conclusão de que J provavelmente disse apenas 20 por cento das coisas que o Novo Testamento o cita dizendo.

PURSAH: Sim, na verdade, a porcentagem é ainda menor do que isso, e eles estão errados sobre algumas das coisas que pensam que ele disse ou que não disse. Entretanto, nós não viemos aqui para tentar fazer uma contribuição aos estudos da Bíblia o que, apesar da sua contribuição válida, é uma ciência falha.

GARY: Como ela é falha?

PURSAH: Um de seus aspectos é que quanto mais uma citação aparece em diferentes fontes, mais credibilidade recebe. Entretanto, os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas foram todos copiados de fontes anteriores; e Mateus e Lucas também foram copiados de uma fonte comum assim como do Livro de Marcos que, embora tenha sido escrito antes dos outros três Evangelhos mais famosos, aparece em segundo lugar na Bíblia - porque os caras queriam começar a partir do Novo Testamento, com aquele desnecessário negócio de árvore genealógica em Marcos, que tentou traçar a ascendência de J de volta até o Rei Davi para cumprir uma profecia, ainda que o nascimento presumido através de uma virgem fosse invalidar tudo isso de qualquer forma. Casualmente, a antiga escritura original dizia apenas que “uma jovem mulher daria à luz a ele”, referindo-se ao Messias. Nunca foi dito que uma virgem daria à luz. Isso foi planejado depois, baseado em histórias parecidas de outras religiões antigas.

GARY: As pessoas adoram profecias.

ARTEN: Pode apostar que sim. Praticamente toda a religião cristã foi tirada de histórias e escrituras anteriores, incluindo, mas não de maneira limitada, alguns dos antigos Pergaminhos de cobre do Mar Morto que não sobreviveram. À propósito, nós não fomos muito lisonjeiros em relação aos essênios antes, mas eles tinham um grande talento para escrever e preservar as escrituras, às quais eles eram mais devotados do que qualquer outra pessoa.

GARY: Vocês não estão pegando leve com nenhuma pessoa, estão?

ARTEN: As pessoas não são boas nem más. Você verá. O ponto que começamos a mostrar sobre as regras do conhecimento bíblico é esse: se os escritores dos Evangelhos copiaram uns dos outros, o que não era incomum naquela época, e os estudiosos de hoje dão credibilidade às histórias e citações baseados no número de fontes diferentes onde elas são encontradas, então, as descobertas muitas vezes serão errôneas – especialmente se a fonte original das cópias estava errada para início de conversa, ou se essa fonte original foi modificada por aquele que a copiou, e depois foi perdida ou destruída.

GARY: Então, copiar alguma coisa não a torna verdadeira, e o fato de que algo não foi copiado muitas vezes não o torna falso.

ARTEN: Sim. Um aluno excepcional. Agora, eu vou dar uma profecia a você. Você vai escrever um livro sobre isso, que vai contar a algumas pessoas o que dissemos.

GARY: Um livro? Eu tenho dificuldade em preencher um cheque.

ARTEN: Isso vai lhe dar uma chance de usar sua memória, e aquelas anotações que você está tomando.

GARY: Eu não acho que as pessoas acreditariam em mim se eu lhes dissesse que vocês, caras, apareceram para mim desse jeito.

ARTEN: Na verdade, algumas pessoas iriam acreditar, e algumas não iriam, mas e daí? Tenho uma sugestão que vai ajudá-lo a ir em frente e ser muito pacífico. E se você não tentar convencer ninguém a acreditar em nada? Comece a escrever o livro como se fosse apenas uma história – como se você o tivesse criado. Então, diga às pessoas que elas criaram você. Tudo é criado. Esse é o ponto, meu irmão.

GARY: Eu não sei. Eu provavelmente nem seria capaz de colocar a pontuação correta.

ARTEN: Qual é a diferença, desde que as pessoas consigam entender? Não se preocupe com os detalhes; apenas escreva o que dizemos a você. É a mensagem que importa, não o modo de falar. O que você confundir na pontuação, vai compensar com substância e consistência. Além disso, você pode se surpreender. Peça ao Espírito Santo para ajudá-lo e vai se sair bem.

GARY: Isso não contradiz o que vocês me disseram antes – sobre como eu não tenho que contar a ninguém nada se não quiser, e como vocês não vão me contar sobre o futuro e sobre qualquer coisa?

PURSAH: Não, nós não vamos lhe dizer muito sobre o futuro, e você não tem que escrever nada se não quiser. Mesmo que o faça, você não tem que aparecer em público se não se sentir confortável com isso. Você não gosta de falar para multidões, não é?

GARY: Eu iria preferir enfiar pedaços de vidro no meu traseiro ao invés de fazer isso.

PURSAH: Não acho que isso vá ser necessário. O ponto é, você é livre para fazer o que quiser – mas seria sábio da sua parte não fazer isso sozinho. Deixe J ou o Espírito Santo tomar as decisões por você sempre que tiver tempo de pedir isso a Eles. Nós temos uma vantagem ao falar sobre isso, porque tudo o que vai acontecer já aconteceu. Não é como se nós estivéssemos lhe dando uma tarefa especial; nós apenas estamos lhe contando o que já aconteceu. Nós vamos chegar lá uma hora dessas.

GARY: Eu me sinto um pouco desconfortável em não contar a Karen sobre isso. Ela seria capaz de ver vocês dois se estivesse aqui?

PURSAH: Claro. Os corpos que projetamos são tão densos quanto os de vocês, embora nossos cérebros não sejam. Brincadeira! Mas qualquer um seria capaz de nos ver da mesma maneira que você. Entretanto, você pode estar fazendo um grande favor a Karen por não lhe contar sobre nós por enquanto.

GARY: Como é isso?

PURSAH: Se você contar a ela sobre nós agora e ela acreditar em você, o que ela faria, então, isso iria alterar sua vida e trazer uma série de acontecimentos dos quais ela não precisa. Seria melhor para ela que você contasse depois, quando nossas visitas terminarem. Você é a única pessoa que queremos que esteja envolvida nesse momento.

GARY: Eu posso tirar fotos de vocês e gravar suas vozes?

ARTEN: Você poderia, mas vou lhe dar três razões pelas quais não deve fazê-lo. Primeiro, você se sentiria tentado a provar às pessoas que nós aparecemos a você, embora quaisquer atores pudessem ter nos representado ou às nossas vozes, então, não iria realmente provar nada. Segundo, isso não tem nada a ver com convencer ninguém de que você está certo; tem a ver com compartilhar idéias para ajudar as pessoas através do caminho. Terceiro, usar nossas visitas como um meio de induzir a crença de qualquer pessoa em nós não estaria de acordo com o que estamos ensinando. Queremos ensinar de uma maneira que vá induzir o tipo de aplicação prática que leva à experiência da revelação. É isso que fortalece a crença de uma maneira genuína.

GARY: E se as pessoas rejeitarem o que vocês têm a dizer, ou se apenas usarem isso um pouco e depois desistirem e passarem para outra coisa?

ARTEN: Essas são repostas possíveis, mas algumas pessoas vão persistir nelas e tirar o máximo delas. Como já dissemos, não se preocupe com esses detalhes. Nenhum aprendizado é desperdiçado. Qualquer coisa que você aprenda fica em sua mente para sempre. Você não pode perdê-la; mesmo que não esteja consciente do ensinamento, ele ainda está lá. É por isso que você não deveria se preocupar muito se achar que pode não chegar ao Céu nessa vida em particular. O aprendizado não é linear. Não apenas tudo permanece na mente, mas você pode ter certeza de que qualquer decisão aparentemente linear sobre a reencarnação não é feita pelo corpo ou cérebro humano. Essa decisão é feita pela sua mente em um nível completamente diferente, dependendo do fato de você ter ou não feito sua parte em ajudar o Espírito Santo a curar sua culpa inconsciente. Como dissemos, não importando o que pareça acontecer, sua mente retém toda a informação.

GARY: Legal. Então, nenhum de nós é tão estúpido quanto parece.

ARTEN: Certo. Toda ignorância é na realidade uma repressão que existe para produzir um efeito particular, por uma razão específica, sobre a qual falaremos depois.

GARY: Hum? Sabe, é engraçado, mas muitas coisas que vocês dizem parecem verdadeiras para mim, ainda que eu não as tenha ouvido antes.

ARTEN: É porque durante muitas de suas vidas passadas, você não foi inexperiente em termos de instrução teosófica. Durante os últimos poucos anos, você tem visto imagens sobre como era sua aparência em vidas passadas. Ter visões místicas é um dom seu. Uma parte da razão pela qual você teve tantas experiências espirituais nessa vida – e o motivo pelo qual você aceita tantas dessas idéias avidamente – é porque suas vidas combinadas de aprendizado ainda estão dentro de você.

GARY: Você pode me dar uma visão breve disso?

ARTEN: Muito breve. Lembre-se nada disso torna você único ou especial. Quase todos acabam estudando as mesmas coisas no final. Em uma vida, você foi afortunado o suficiente para ser um entusiasta do grande pensador da Cabala, Moses Cordovero. Sua famosa fórmula, “Deus é toda a realidade, mas nem toda realidade é Deus”, afirmava um ponto muito importante, e também fez uma distinção vital entre o misticismo cabalístico e o panteísmo. Em outra parada da roda do tempo, você foi um muçulmano sufi.

GARY: Isso é engraçado. Os judeus e os árabes odiaram uns aos outros com freqüência, embora em diferentes vidas tenham sido tanto um quanto outro.

ARTEN: Ótima observação. Até mesmo no nível da forma, os árabes e os judeus – como os sérvios e os muçulmanos – são basicamente os mesmos, o que mostra a você a que ponto as pessoas chegam para serem diferentes. Isso é verdadeiro para a maioria das pessoas; apenas alguns exemplos parecem mais extremos. Hoje em dia, é comum que judeus, negros e nativos americanos se sintam vitimados pelo passado, mas muitos deles ficariam chocados em saber que vitimaram outras pessoas em vidas anteriores. Justamente por isso, existem muitas vítimas de abuso infantil que se tornam abusadores na mesma vida. Portanto, a dança da vítima-vitimização da dualidade continua, fazendo com que todos, em uma época ou outra, usem os mantos manchados de sangue do julgamento justo.

Como um muçulmano sufi, você cultivou dentro de si mesmo o pensamento da unicidade, ou monismo, e fez progressos em experimentar cada coisa aparentemente separada como um véu ilusório sobre a verdade eterna. Você reconheceu a realidade de Deus e a falta de importância da matéria, e um dos versos do Corão que era mais caro a você era, “Todas as coisas na criação sofrem a extinção, e lá permanece a face do teu Senhor, em sua majestade e generosidade”.

Você também percebeu que uma parte essencial de cada ilusão é a mudança, ou, como você aprendeu chamar em uma vida budista, impermanência – o que era irreal – em oposição ao objetivo da luz clara. Todo esse aprendizado foi saudado muito gentilmente por algo que você estudou em ainda outra vida – os ensinamentos de Platão, que falou e escreveu sobre uma idéia perfeita por trás de todas as coisas imperfeitas desse mundo. Ele a chamou de “o Bem”, e a descreveu como “uma realidade eterna, o reino não afetado pelas vicissitudes da mudança e da decadência”.

Seis séculos depois, outro de seus professores, o neo-platonista conhecido como Plotino, iria emprestar e expandir a postulação de Platão de que “o Bem é Um”, e iria tentar defini-la como a Fonte máxima de tudo no mundo. Entretanto, como quase todos os outros grandes filósofos da história, com a exceção de J, nem Plantão nem qualquer um de seus sucessores compreenderam onde o mundo realmente se originou, ou o mais importante: por que.

GARY: Então, o pupilo mais popular de Platão, Plotino, provavelmente foi um plagiador das postulações platonistas?

ARTEN: Mais uma explosão dessas e você será punido. Você já sabe quando estamos brincando agora, não é? De qualquer forma, Platão teria gostado de Plotino, e nós queremos enfatizar que todos esses são caminhos para uma vida inteira. Nosso excesso de simplificação está destinado apenas a lhe mostrar que você realmente passou vidas inteiras nesses assuntos.
A idéia de uma realidade imutável não é insignificante. Para ver porque, vamos observar a noção do yin e do yang, que você explorou durante várias encarnações taoístas e budistas no extremo oriente.

GARY: Cara, eu andei mesmo por aí, não é?

ARTEN: Todos o fizeram no fim, mas tudo isso realmente aconteceu de uma vez só. Como Einstein afirmou, o passado, o presente e o futuro todos acontecem simultaneamente.

GARY: Esse Einstein era mesmo um cara esperto.

ARTEN: Sim, mas ele ainda tinha que aprender que nada disso aconteceu no final das contas. Conseqüentemente, quando partirmos hoje à noite, você vai se sentir como se tivéssemos estado aqui durante horas, mas apenas vinte minutos terão se passado, pela contagem do relógio.

NOTA: Nesse ponto, olhei de relance para meu relógio e vi que ainda que Pursah e Arten tivessem conversado comigo pelo que parecia ser uma hora, apenas onze minutos haviam se passado.

GARY: Você deve estar brincando! O ponteiro dos segundos do meu relógio ainda está correndo normalmente, mas tem alguma merda bem esquisita acontecendo aqui.

ARTEN: Não se preocupe. Nós sabíamos que essa seria a mais longa das nossas conversas, então decidimos brincar um pouco com o tempo, ao invés de atrasar você. Nós sabemos que você precisa de uma boa noite de sono porque tem trabalho a fazer de manhã.

O tempo pode ser alterado porque, embora sua experiência seja linear, você realmente é um ser não-linear. Nós geralmente não fazemos brincadeiras desse tipo, mas ainda vamos nos divertir um pouco com você em outra ocasião, quando brincarmos com o espaço. Não o espaço sideral, apenas espaço. Você não é um ser espacial, mas um não-espacial. Ou, como os físicos poderiam colocar isso, você está tendo uma experiência local, mas você realmente é não-local.

Nós dissemos que iríamos falar sobre yin e yang, e aqui encontramos o mesmo tipo de situação que existe com todas as outras filosofias e teorias espiritualistas famosas desse mundo.

A idéia original por trás do yin, que é energia passiva ou chi, e o yang, que é energia ativa, é que elas vêm do Tao – que é absoluta serenidade. Mas, já que o Tao não pode perceber a si mesmo, então decidiu dividir-se em dois, e se manifestar eternamente, dando vazão a uma interação sempre mutável e aparentemente infinita das forças de equilíbrio. Essa é uma definição muito imperfeita, a propósito. Eu não vou entrar no desenvolvimento do taoísmo, que é um processo extremamente longo. Mas a idéia geral parece familiar?

GARY: Sim. Então, as idéias da Nova Era são realmente muito antigas, e até mesmo Platão deve alguma coisa aos professores que vieram antes dele.

ARTEN: Todos nós devemos. A idéia do “Um” não era completamente original, mas Platão ainda é um grande filósofo. Até mesmo J, embora fosse muito mais avançado do que Platão, admirava sua história da Caverna.

GARY: Eu me lembro disso! Minha mãe costumava lê-la para mim quando eu era bem pequeno. Eu me lembro de pensar que era assustadora.

ARTEN: Por que você acha que sua mãe fazia isso, se sabia que você realmente não poderia compreendê-la muito bem?

GARY: Porque ela queria abrir um pouco minha mente, e fazer com que eu soubesse que havia mais idéias divergentes disponíveis para mim do que o lixo comum que a sociedade iria despejar sobre mim.

ARTEN: Exatamente. Ela era uma mãe excelente, e nós vamos falar um pouco sobre aquela história já, já. Como estávamos dizendo, a idéia por trás do yin e yang não é muito diferente de muitas outras filosofias. Infelizmente, ela também contém o mesmo erro básico que as outras. O yin e o yang interagem para sempre, e você encontra um pouco de yin em todo yang, e um pouco de yang em todo yin, e, enquanto isso, aquilo que o mundo ridiculamente chama de vida continua ad nauseam.

Mas a filosofia nunca realmente se importa em considerar a falta de sabedoria em tudo isso, exceto para presumir que a consciência, chi, e a percepção são mercadorias muito valiosas. Quando terminarmos, você vai ter uma idéia do que elas realmente são, e também terá recebido sua primeira visão geral sobre como virar o feitiço contra o feiticeiro. O que você quer se lembrar agora é que, por causa de suas experiências espirituais, existe um senso comum entre a maioria dos criadores dessas idéias de que o Um era imutável e eterno – e nesse ponto eles foram bem precisos.

Outro ponto que muitos deles tinham como certo era que tudo que não fosse o Um era ilusório. Até mesmo o julgamento, em sua forma mais básica, como rotular algo como bom ou mau, seria para diferenciar entre coisas que realmente são a mesma, por causa da sua irrealidade. Portanto, realmente não é válido julgar nada.

GARY: Então, isso é o mesmo tipo de não-julgamento que o Bhagavad-Gita descreve como “quando o sofrimento e a alegria são iguais...”.

ARTEN: Sim. Você falou como um hindu esperto, o que você também foi. Como um hindu esperto, você não tinha utilidade para a política, exceto sobre como ela poderia ser usada para reconhecer a ilusão. Mas reconhecer a ilusão é apenas uma parte do processo de perdão como foi ensinado por J, não todo ele. O resto está vindo. Sem que perceba, você será um com os fundamentos de J.

GARY: Você se importaria de explicar isso?

ARTEN: Bem, eu amava J. ele era como uma luz levando as crianças de volta para seu verdadeiro lar no Céu. Uma vez, eu estava com ele e disse algo que era misericordioso, e ele disse que eu agora era um com os fundamentos dele. Ele continuou dizendo que isso simplesmente significava que eu estava começando a pensar como ele, algumas vezes exatamente de acordo com ele. Apenas então, ele disse, ele poderia entrar mais profundamente na minha mente e ser ainda mais próximo de mim, porque eu estava começando a ver como ele, pensar com a mesma atitude interior – que é o que a visão espiritual realmente é. Como já dissemos, isso não tem nada a ver com os olhos do corpo, embora você possa experimentar símbolos dessa atitude interior, que ocasionalmente podem ser vistos com os olhos do corpo. Vamos enfatizar algo? As pessoas não deveriam se sentir mal ou menosprezadas se não virem qualquer um desses símbolos. Eles não são necessários. Algumas pessoas têm um dom para eles, como você, mas os dons de outras pessoas são em outras áreas. O efeito aparente é supérfluo; é na causa que estamos interessados.

É claro que J se identificou tão completamente com o Espírito Santo que estava se referindo ao fato de eu estar pensando com ele como o Espírito Santo, não como J, o corpo. Se as pessoas não se sentirem confortáveis com J, elas sempre podem pensar sobre o Espírito Santo. Pelo fato de você pensar que é um corpo ou alma específica, seria útil para você ter alguém sobre quem pensar como um ser específico ao invés de abstrato, para ajudá-lo e levá-lo além de todos os símbolos.

GARY: Krishna, Gautama Buda, Zoroastro ou qualquer um do resto da gangue não seria adequado?

ARTEN: Sim, seria. Mas, então, você não estaria estudando J. Você pensa que é tudo a mesma coisa, mas, para o olho treinado, existem distinções importantes que fazem toda a diferença no mundo. Não é nossa intenção diminuir coisa alguma. Todos vão terminar no mesmo objetivo finalmente, e, na verdade, eles já chegaram lá. Essa é uma amplitude para a qual você ainda não está totalmente pronto. Apenas lembre-se de que, se você escolher trabalhar com J, então, pode estar certo de que ele vai ajudá-lo. Uma citação ou duas do Evangelho de Pursah vão ilustrar isso.

GARY: Estou esperando pacientemente.

ARTEN: Eu sei, e estamos chegando lá. Para completar nosso pequeno tour, você teve muitas vidas boas, e muitas outras que foram aparentemente desperdiçadas. Algumas vezes, você sonha com elas, sonhos bons e ruins. Deixe-me perguntar algo. Você ainda está tendo o sonho de ser um índio americano na cidade onde os grandes rios se encontram?

GARY: Como você sabe disso? Ah, eu esqueci – vocês sabem de tudo.

PURSAH: Sim, mas nós queremos lembrá-lo de que só podemos trabalhar com você usando palavras e símbolos que você compreenda. Você teve milhares de vidas, incluindo muitas vidas cristãs de formas variadas, e muitas outras que envolveram religiões que a maioria das pessoas não reconheceria. Por exemplo, como um aborígine, sua experiência era a de que o espírito do mundo, ou Ika, como você o chamava naquela época, era tão real para você – ou ainda mais real – do que sua tão-chamada vida desperta.
Aliás, de todas as suas vidas até agora, seria difícil escolher uma mais gratificante do que na época em que você foi um amigo e aluno de um índio americano, professor espiritual, conhecido como o Grande Sol.

Há mil anos, existia uma cidade tão grande quanto Boston ou a Filadélfia do início de 1800. Esse lugar onde as pessoas se reuniam ficava ao redor do que agora é Saint Louis, mas seus habitantes não incluíam pessoas brancas. Eles tinham casas, não tendas. As tendas eram usadas principalmente pelas tribos das planícies, que viajavam de acordo com as estações. Você era um índio que vivia nessa cidade, e conhecia aquele que as pessoas diziam ter vindo do sol para ser um mediador entre o céu e a terra.

Elas o chamavam de o Grande Sol. Ele rejeitou o sacrifício humano, ensinou a maioria dos Dez Mandamentos e um pouco da sabedoria de J quinhentos anos antes de qualquer homem branco ter trazido a Bíblia para a América. Ele era como um rei ou um papa, e vivia no topo de um morro estupendo feito pelo homem, em uma estrutura que as pessoas tinham construído para ele como um sinal de amor e de respeito.

Embora não existisse uma linguagem indígena escrita naquela época, a pronúncia do nome da cidade agora seria algo como Cahokia, e o Grande Sol era conhecido e respeitado por todo o coração do continente. Os rios ligavam a cidade a partes diferentes do país, e você ganhava a vida como comerciante de peles. Você sempre teve como ponto de honra compartilhar alguns dos ensinamentos do seu amigo com as tribos, enquanto estava fazendo negócios com elas. E você sempre ficava feliz em voltar para casa e aprender mais com esse homem, que era um Ser espiritual iluminado.

GARY: Eu tenho algumas imagens disso na minha mente. Diga-me, esse cara está no Livro dos Mórmons?

PURSAH: Não. Joseph Smith não estava ciente dele, nem a maior parte das pessoas. A história indígena americana era uma tradição oral. Smith estava fazendo alguma outra coisa. Ele escreveu o que deveria escrever, a partir daqueles pratos de metal que estava traduzindo. De qualquer forma, o Grande Sol era muito parecido com J, apenas mil anos depois.

Nós não vamos lhe contar muito sobre aquela vida ou sobre seu professor; é nessa vida que estamos interessados. Nós estamos lhe dando algum background para ajudar a prepará-lo para a forma mais nova e avançada dos ensinamentos de J, e é por isso que queremos evitar que você cometa um erro menor que foi cometido pelo Grande Sol. Todos cometem erros, até mesmo os seres iluminados. A Terra não é um lugar de perfeição. Na verdade, ela é projetada para ser um lugar onde a verdadeira perfeição é impossível. Você pensa que o universo está evoluindo para a perfeição. Essa idéia é falsa. O universo é estabelecido para parecer que está fazendo isso, mas ele realmente está apenas girando em seu eixo, repetindo o mesmo padrão vezes sem conta, de formas diferentes. Isso é uma armadilha na qual você ficará preso.

A diferença entre seus erros e os erros de um Ser iluminado está em sua habilidade de praticar o verdadeiro perdão. Eles percebem que, se os erros dos outros devem ser perdoados imediatamente, então, os deles também devem. Eles também sabem que realmente não importa o que possam fazer, mas poucas pessoas estão prontas para aceitar isso. A maioria carrega seus erros e suas culpas por eons, mas não existe necessidade disso.

GARY: Então, como foi que ele estragou tudo?

PURSAH: Ele não fez isso realmente. Era apenas uma questão de como ele passava seu tempo. Ele teria servido melhor às pessoas se simplesmente as ensinasse sobre a verdade. Tanto naquela época quanto agora – no norte, sul, leste ou oeste – o mundo precisa de ajuda. Ele está cheio de pessoas atacando outras mentalmente, e que nem mesmo sabem que estão atacando – elas apenas pensam que estão certas, são ponderadas, ou são algum tipo de vítima. O Grande Sol se permitiu ficar distraído em relação ao que era mais útil. Nós já lhe dissemos que aquele que é realmente iluminado dificilmente busca papéis de liderança. Há dois mil anos, muitos do nosso povo queriam que J fosse um tipo de messias majestoso, ao invés de um messias sacerdotal. Mas ele ficava feliz em apenas compartilhar a verdade com as pessoas, e em dar a elas sua experiência. O Amor de Deus era sua única preocupação.

O Grande Sol, entretanto, tornou-se muito parecido com um papa. Ele acabou como a maioria dos outros líderes espirituais convencionais; perdendo seu tempo com política e distribuindo chavões em público, ao invés de elevar as pessoas a um nível totalmente novo, que era o que elas realmente precisavam. Deixe a política para os políticos. De a César o que é de César. As pessoas precisam ser ensinadas, mas se você realmente lhes disser a verdade, então, deve estar pronto para desistir de qualquer popularidade. Você terá que aceitar isso – mas que ouçam aqueles que tenham ouvidos para ouvir.

Então, o Grande Sol se tornou um grande tomador de decisões, e as pessoas pensaram que aquilo era importante. O que foi realmente útil foi quando ele falava com as pessoas, uma a uma, ou em pequenos grupos, e lhes contava tudo o que sabia, ao invés de reter tudo, preocupado com a maneira com que elas iriam receber seus ensinamentos. Nós já dissemos que você não tem que dizer nada a ninguém se não quiser. Se você escolher ensinar de vez em quando, então é melhor dizer a verdade e ver algumas pessoas partindo, do que dizer a elas apenas o que querem ouvir e fazer com que fiquem.

O sucesso no mundo está em manter muitas cabeças acenando afirmativamente, mas a verdade não faz as pessoas anuírem, ela as deixa chocadas – ou pelo menos as faz questionar muitas coisas. No fim, o Grande Sol desejou ter ensinado mais e feito menos relações públicas, o que acabava ocupando cada vez mais seu tempo. Ele sabia, no final da sua vida, que tinha sido completamente perdoado; ele apenas tinha um pequeno arrependimento sobre não ter usado seus dons de maneira mais construtiva – um arrependimento que ele depois perdoou. Obviamente, estamos trazendo isso à tona para ajudar você. Não tente se tornar algum tipo de grande alvo. Apenas diga a verdade às pessoas e deixe que o Espírito Santo cuide do resto. A maioria do seu tempo deveria ser gasta aprendendo com Ele, não tentando ser uma estrela.

GARY: Você disse que eu fiz muito progresso naquela vida?

PURSAH: Sim, mas por que você acha que foi assim? Você passou apenas uma pequena parte do tempo ensinando, e a maior parte do tempo ouvindo seu amigo. Você foi afortunado o suficiente para ouvi-lo em particular, onde ele era mais aberto e detalhista. Em outras palavras, você era um aluno. Então, nós lhe demos esse indicador adicional, que é um que você já está vivenciando, mas do qual você deveria sempre ter o cuidado de se lembrar no futuro. Os maiores progressos não são feitos sendo um grande professor; eles são feitos sendo um grande aluno.

GARY: O Grande Sol realmente veio do sol?

PURSAH: Nunca leve a publicidade a sério.

ARTEN: De qualquer forma, seu amigo lhe disse que tinha nascido como qualquer outro homem. Algumas vezes, as pessoas insistem em dar muita importância ao trivial, e a não prestar atenção ao que é importante, como ir para casa – que é o que nós viemos ajudá-lo a fazer.

GARY: E J foi concebido e nasceu como qualquer outro homem?

ARTEN: Essa pergunta só poderia ter importância para pessoas que pensem que o corpo é importante, e que o corpo de J era muito importante. Sem entender isso, o resto é impossível de compreender. Você vai chegar lá, e vai começar a perceber o quanto os outros corpos são insignificantes. Só depois disso, é que poderá experimentar o quanto o seu próprio corpo é insignificante. De que outra maneira você poderia ser livre? Você não vai se libertar até que perceba que você mesmo forja as correntes que o prendem.

GARY: Vocês mencionaram que Paulo rejeitou a idéia da ressurreição ser da mente e não do corpo. Mas um dos fatos históricos de que eu mais me lembro sobre ele, é que ele conversou com outros líderes das seitas judaico-cristãs para permitirem que as pessoas se convertessem à fé deles simplesmente sendo batizadas, ao invés de circuncidadas.

ARTEN: Eu lhe disse que ele realmente agradava às multidões. Mas não nos compreenda mal; não estamos dizendo que Paulo não era um dos homens mais brilhantes e influentes da história. Obviamente, alguns de seus escritos são formidáveis em sua eloqüência. Sua experiência espiritual sobre J na estrada de Damasco foi genuína. É apenas que, na análise final, muitas das coisas que ele estava dizendo simplesmente não eram as mesmas que J falou.
Você vê, J ensinou a verdade inteira, e ainda o faz, enquanto – como você pode ter percebido de tudo o que estamos dizendo – outros antes e depois dele ensinaram partes da verdade. As pessoas tendem a pegar as partes que parecem iguais e presumir que cada uma está dizendo a mesma coisa de maneiras diferentes. Mas J é único.

GARY: J iria concordar com algumas das mesmas idéias que Krishna, Lao-tzu, Buda e Platão expressaram antes dele, mas não com todas elas?

ARTEN: Sim, e ele iria concordar com algumas das mesmas idéias que Paulo, Valentino e Plotino expressaram depois dele. Realmente existem verdades universais que J tinha em comum com outros. Uma vez que você compreenda o que ele está dizendo em sua totalidade, então, ele fala por um sistema de pensamento original que vai levá-lo muito mais rapidamente a Deus, e não é realmente o mesmo que qualquer outro.

PURSAH: Tudo isso nos traz à posição onde podemos começar a falar sobre o que J estava falando. Como uma pequena parte disso, vou lhe contar algo sobre meu Evangelho. Primeiro me diga brevemente o que você sabe sobre ele, como uma maneira de clarear seus próprios pensamentos.

GARY: Bem, eu não sei muito. Alguns caras acidentalmente encontraram uma cópia dele no Egito depois da Segunda Guerra Mundial, junto com um punhado de outro material gnóstico, e a igreja disse que as citações tinham sido criadas pelos hereges gnósticos. Ouvi dizer que alguns estudiosos da Bíblia recentemente chegaram a uma opinião bem mais elevada sobre ele.

PURSAH: Sim, você realmente não o leu, não foi? A não ser por aquela vez em que você o folheou naquela livraria – quando passou metade do tempo olhando para a linda mulher no fim do corredor.

GARY: Existe uma pequena nota de julgamento nesse comentário?

PURSAH: Não, mas você não poderia ler meu Evangelho muito bem enquanto estava ocupado tendo todos aqueles pensamentos superficiais sobre o corpo dela.

GARY: Isso não é justo! Eu também estava tendo pensamentos superficiais sobre a mente dela.

PURSAH: O que você pensa sobre o que realmente leu?

GARY: Eu não absorvi muito. Você se importaria de me dar uma visão mais erudita, diretamente de fonte segura?

PURSAH: Não, mas eu já lhe disse que não vamos nos deter nele. Você pode fazer sua própria lição de casa se quiser saber mais sobre ele do que o que eu vou lhe contar. A descoberta do meu Evangelho em 1945 marcou o primeiro momento em que uma cópia completa dele foi vista por qualquer pessoa em milhares de anos. As únicas outras partes que restaram foram alguns fragmentos gregos que foram descobertos antes.

Você poderia escrever um livro apenas sobre meu Evangelho, e algumas pessoas o fizeram. Eu já lhe disse que existem citações nessa cópia que foram acrescentadas depois, que J nunca disse. Você também tem que considerar a influência de aproximadamente trezentos anos de cultura e linguagem egípcia e filosofia gnóstica na versão do Hag Nammadi para julgar algumas de suas citações. E ele também não inclui tudo o que J me disse em particular, em parte porque naquela época eu fui executada por um grupo de pessoas que eu não esperava que agissem assim. Eu estava falando com elas sobre a paz. Muitas pessoas, incluindo você, querem paz. Mas deixe-me explicar algo, Gary. As pessoas do mundo nunca vão viver em paz até que elas tenham paz interior. Ainda que eu não tenha vivido por muito tempo, pelo menos cheguei a ser um dos primeiros ministros de J. A Bíblia despreza pessoas como eu e Tadeu, mas nós fomos privilegiados em compartilhar os ensinamentos de J como foram falados diretamente a nós.

GARY: Uma honra. Vocês foram ordenados?

PURSAH: Eu fui pré-ordenada.

GARY: Você foi crucificada?

PURSAH: Não, eu fui decapitada na Índia. Quando você está em um corpo, nunca sabe que tipo de dia terá. Não foi uma maneira ruim de fazer uma transição, na verdade – surpreendentemente rápido. Isso me lembra de algo que eu queria dizer sobre o ato da crucificação. Esse é um ritual estritamente romano. Ninguém mais o praticava. Os escritores dos últimos Evangelhos quiseram culpar o sinédrio e os fariseus, que eles odiavam, pela morte de J, descrevendo um julgamento durante a páscoa judaica. Mas aqueles grupos não tomariam parte em quebrar uma lei judaica – a menos que quisessem incorrer no ódio de seu próprio povo por desobedecerem a Deus. Eles eram homens inteligentes. Eles não fariam algo estúpido assim – e o citado julgamento não teria atendido às orientações da nossa lei. Foi mais tarde que vocês tiveram as hostilidades específicas e tolas que levaram à narração errônea daquela parte da história no Novo Testamento.

Na época da crucificação, eram os romanos que exerciam todo o poder civil, e, se havia uma coisa com a qual nosso povo concordava, era em seu desgosto em relação aos romanos. Com poucas exceções, não havia muitas pessoas enfileiradas escarnecendo de J. Foram principalmente os romanos que o ridicularizaram. A maioria dos judeus ao longo do caminho apenas o viu como outro infortúnio do Império dos Gentios.

A próxima vez em que você pensar sobre as pessoas que supostamente mataram nosso Senhor, dê uma chance ao povo judeu. Nós éramos os objetos da crucificação, não os perpetradores dela. Judas não sabia que J iria terminar na cruz. Ele simplesmente cometeu um erro. Então, ele se sentiu extremamente culpado em relação a isso. Foi por isso que ele se enforcou. Perdoe-o. J o perdoou, então você também pode fazê-lo. E, enquanto estiver nisso, você também pode perdoar os romanos, que realmente mataram o corpo daquele que eles mais tarde chamariam de Senhor. J pôde perdoá-los até mesmo enquanto eles estavam fazendo isso, porque ele sabia que o que ele realmente era nunca poderia ser morto. Por que você acha que geração após geração daqueles que afirmam segui-lo sentem a necessidade de atribuir algum tipo de culpa por essa ação a pessoas a quem eles nem mesmo conhecem?

GARY: Sinto que você vai me dizer. Mas, tenho um problema com sua explicação sobre as coisas. J não falou sobre Judas traí-lo com um beijo?

PURSAH: Não. Antes da ceia, Judas estava bêbado e queria dinheiro para comprar mais vinho e para uma prostituta. Um oficial romano que o havia visto antes com J o descobriu e pediu informações. Você vê, Pôncio Pilatos estava procurando transformar alguém em exemplo como uma maneira de exercer autoridade durante a Páscoa judaica. Pilatos nunca lavou suas mãos em relação à coisa toda, ele queria que acontecesse. Judas contou ao oficial onde J e nós estaríamos naquela noite, em troca de dinheiro. Quantas tragédias em seu mundo são resultado de alguém fazendo algo enquanto está sob influência de álcool, que normalmente não faria?

GARY: Então, Judas estava com o caco cheio pela metade e procurando, ah, alguma companhia feminina, e ele não se deteve para pensar sobre as conseqüências que suas ações poderiam ter?

PURSAH: Sim. Uma circunstância com a qual acho que você está familiarizado. Exceto que eu diria que Judas estava com o caco quase que totalmente cheio.

GARY: Você disse antes que J não sofreu na cruz, o que eu achei difícil de acreditar. Você vai me contar como ele foi capaz de perdoar a todos e não sentir dor durante a crucificação ao mesmo tempo?

PURSAH: Certamente, mas não durante essa visita. Na época em que formos embora, depois da nossa última visita, nós teremos lhe dado uma imagem completa e teremos iniciado você em seu caminho. O resto ficará a seu cargo, mas nós não vamos esconder nada. Não vamos lhe dar a desculpa de que “é um mistério”; desculpa com a qual suas igrejas são tão parciais. O sistema de pensamento do Espírito Santo não deixa você com um monte de perguntas não respondidas. Pode haver algumas respostas das quais você não goste, mas nós lhe dissemos no início que nem sempre iríamos lhe dizer o que você queria ouvir.

Agora, vou ser muito honesta com você sobre o que é meu Evangelho, e também sobre o que não é. O Evangelho de Tomé não é o Santo Graal da espiritualidade. Ele não vai lhe trazer a salvação e não vai treinar sua mente para pensar de acordo com as linhas necessárias para que você atinja sua salvação. Entretanto ele vai desempenhar três serviços muito importantes pela humanidade.

Em primeiro lugar, apesar do que você e alguns outros possam pensar, meu Evangelho não é um documento gnóstico. Para aqueles que se importarem em observar, partes dele contêm a escritura das primeiras formas de cristianismo, antes até que elas fossem algo como uma religião separada, chamada cristianismo. Nós estávamos entre as primeiras seitas judaico-cristãs. Certamente havia diversidade entre as várias seitas, mas nós não estávamos sozinhos em nossas impressões sobre J. Por que você acha que a igreja estava tão desesperada mais tarde em rotular meu Evangelho como gnóstico e herético? Era porque eles não queriam que os membros da igreja vissem como realmente eram os primeiros cristãos. Na verdade, a igreja faria qualquer coisa para esconder o fato de que alguns de seus ensinamentos são heréticos em relação ao J histórico; não que ele não fosse perdoá-los.

Já existem alguns estudiosos da Bíblia que percebem que meu Evangelho não é derivado dos Evangelhos do Novo Testamento, e que ele inclui algumas citações que foram expressas de maneira mais original e realista do que as citações similares nos Evangelhos Sinóticos posteriores. Esses estudiosos estão certos sobre esse ponto, embora algumas das citações que eles pensam serem verdadeiras não são, e, então, eles demoram a aprovar algumas poucas citações verdadeiras em meu Evangelho porque elas não têm a confirmação que as regras deles exigem.

Entretanto, se J ensinasse algo em particular, ou dissesse algo para um grupo muito pequeno de discípulos, por que isso necessariamente estaria nos Livros de Marcos, Lucas ou Mateus? Os autores desses livros não eram da nossa geração. Quarenta ou oitenta anos depois, eles simplesmente copiaram de Evangelhos de Citações anteriores, mantiveram o que gostavam e jogaram fora o que não gostavam, e depois acrescentaram a essa mistura essas histórias atraentes, rumores e especulações que se encaixavam em seu novo dogma religioso. Os primeiros Evangelhos, incluindo o meu, foram escritos em aramaico. Você não acha um pouco estranho que nenhuma cópia original completa das palavras de J em sua própria linguagem tenha sobrevivido ao crescimento do cristianismo? Você realmente acha que isso foi um acaso?

Incrivelmente, até mesmo os últimos Evangelhos foram modificados através dos próximos poucos séculos. O final de Marcos foi completamente modificado. As mudanças na teologia nunca terminaram. Você pensou que Arten estava exagerando quando disse que o cristianismo ainda estava sendo construído. Ele não estava. As pessoas não começaram a rezar para ele – Tadeu – como são Judas, até o século dezoito. Em relação ao aprendizado como você vê, não há nada de errado com a revelação contínua, mas o cristianismo pegou o que era realmente arte religiosa – O Novo Testamento – e tentou elevá-lo falsamente ao nível de verdade literal, absoluta. Não há nada errado em usar a arte como uma maneira de expressar o que é verdadeiro para o artista, mas a maioria das pessoas não iria ver “A Última Ceia” de Leonardo Da Vinci e tomá-la por um registro literal, absoluto, e uma pintura história de nossa última reunião antes da Paixão.

GARY: E você? Você está afirmando que está me contando a verdade absoluta?

PURSAH: Quando tivermos terminado com nossos encontros, vamos ter passado a você alguns ensinamentos que nos foram dados por J, que realmente expressam a verdade absoluta – que pode ser resumida em apenas duas palavras –, mas apenas experimentado por uma mente que foi preparada para ela. Eu já disse essas duas palavras, mas você não percebeu. Elas falam a verdade absoluta e total. Elas são a correção do universo. Conforme prosseguirmos, não vamos manter em segredo quais elas são e o fato de que representam uma escolha. Para que possa fazer as escolhas com competência, você vai ter que se tornar muito mais ciente das alternativas entre as quais está escolhendo.

GARY: Acho que isso é muito justo por enquanto. Você pode continuar.

PURSAH: Obrigada. Eu já disse que a cópia que restou do meu Evangelho foi modificada através dos anos, mas ela ainda continua como um exemplo mais realista do tipo de afirmações que foram feitas por nosso líder. Aquilo a que eu afetuosamente vou me referir de agora em diante como Tomé é um Evangelho de Citações Judaico-Cristão que antecedeu o Gnosticismo. O Gnosticismo era uma combinação de muitas filosofias anteriores misturadas com algumas das coisas que J disse, ou que as pessoas pensaram que ele disse. Sim, você certamente poderia dizer que J tinha o que poderia ser descrito como tendências gnósticas, mas elas não eram todas novas. Algumas dessas peculiaridades remontam a formas arcaicas de misticismo judaico.

Se você quiser ver um pouco da última teologia gnóstica, pode ler o Evangelho da Verdade, de Valentino, que é o máximo da literatura gnóstica. Você não vai entender uma parte da terminologia, mas vai ter uma idéia geral sobre o que algumas seitas gnósticas acreditavam. J até mesmo iria concordar com uma parte disso, e o mais importante seria que o mundo é como um sonho, e que Deus não o criou. Mas O Evangelho da Verdade foi escrito cento e cinqüenta anos depois da primeira versão do meu Evangelho, que cita alguns dos ensinamentos que realmente foram falados pelo J histórico. Eu digo alguns dos ensinamentos, e o chamo de primeira versão pelas razões que já lhe dei antes, mas as implicações de tudo isso não poderiam ser mais claras. O primeiro serviço que meu Evangelho desempenha é que o mundo pode finalmente ver por si mesmo que, conforme o cristianismo se tornou o cristianismo, ele possuía cada vez menos semelhança com o J histórico – nosso Messias, professor da sabedoria – e cada vez mais semelhança com uma figura apocalíptica construída a partir dos últimos Evangelhos.
O segundo serviço importante que ele desempenhou foi no tom geral dos próprios ensinamentos. J era do Oriente Médio, não do Mississipi. Sua abordagem era muito mais cuidadosa e oriental do que o tipo de dualismo intrínseco, afastado-da-mente do Ocidente. Essas influências ocidentais foram trazidas depois.

O terceiro serviço está no significado de algumas das próprias citações. Eu já disse que nós não compreendemos completamente a mensagem de J naquela época, mas Tomé realmente deu uma representação mais autêntica do tipo de coisas que J diria do que os outros Evangelhos. Eu vou lhe dar um tipo de versão padrão revisada por mim mesma para ajudá-lo a compreender um pouco dele aqui. Também, vou escolher apenas citações que realmente ouvi J dizer. Para os propósitos dessa discussão, vou escolher apenas algumas poucas. Não se esqueça de que nós temos outras coisas mais importantes para conversar. Isso apenas está destinado a ajudar a prepará-lo.
Dentre as cento e quatorze citações em Tomé, J realmente disse setenta delas, ou algo bem próximo disso. As outras quarenta e quatro são espúrias, uma palavra que a igreja gostou muito de usar para descrever todo o Evangelho. Com as contribuições que os estudiosos têm dado, a igreja não fala tão alto quanto costumava.

GARY: Desculpe, mas estou explodindo com mais uma pergunta que tenho que fazer.

PURSAH: Cuidado, garoto. Interrupções demais, e talvez tenhamos que inventar o Inferno de Dante para você.

GARY: Eu sempre ouvi falar sobre esse misterioso e hipotético Evangelho Q que os estudiosos acreditam que foi usado como uma fonte por todos os chamados Evangelhos Sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas. Supostamente, esses três foram copiados da mesma fonte, e eu credito que você usou a palavra fontes. Seu Evangelho é o documento Q que estava faltando?

PURSAH: Como nós dissemos, não viemos aqui para tentar fazer uma contribuição para os estudos da Bíblia – não que um estudioso fosse ouvir uma fonte que não pudesse ser verificada de qualquer maneira. Se você precisa saber, vou lhe contar exatamente o que era o Q. Os Evangelhos de Mateus e Lucas realmente foram copiados dele, mas Marcos não. O escritor de Marcos tinha suas próprias fontes. E Q não era meu Evangelho, como os estudiosos já sabem, mas você pode ser desculpado por não saber.

GARY: O que era, então?

PURSAH: Depois da crucificação, o irmão de J, Tiago, geralmente chamado de Tiago o Justo, era o herdeiro legítimo de J aos olhos de muitos dos seguidores. Eles sabiam o quanto J o amava, e Tiago era um homem sincero e firme. Entretanto, ele também era muito conservador. Conservador não é exatamente a palavra que você usaria para descrever J, que era o radical dos radicais – não no temperamento, mas em seus ensinamentos.

Por essa razão, havia três seguidores de Tiago que, embora o respeitassem, decidiram preservar para a posteridade os ensinamentos que eles tinham ouvido pessoalmente J falar em público. Eles não acreditavam necessariamente que Tiago ou qualquer outro grupo fossem permanecer fiéis a alguns princípios surpreendentes que J havia articulado, então, eles reuniram um Evangelho de Citações intitulado simplesmente de Palavras do Mestre. Os escritores dos dois Evangelhos mais em voga na igreja mais tarde, usaram esse documento, agora citado como Q – depois de uma palavra alemã que significa fonte – para copiar citações para que pudessem combiná-las com suas histórias. Eles também copiaram de Marcos, o escritor que tinha usado um consenso de citações. O Evangelho de João foi escrito depois, quando a divisão entre as mais novas seitas e o judaísmo se tornou mais óbvia.

De modo interessante, várias cópias de Palavras do Mestre, assim como Tomé, sobreviveram em lugares variados por mais tempo do que você poderia imaginar. Não foi até por volta de 400 D.C. que houve um novo esforço, dirigido por santo Agostinho, para eliminar tudo o que não se adequasse às crenças oficiais da igreja. Seu ato de queimar livros teria deixado os nazistas orgulhosos, mas ele foi feito em nome de Deus, é claro. Ainda que Palavras do Mestre e Tomé não fossem gnósticos, eles foram destruídos juntamente com toda a literatura gnóstica existente. Afinal de contas, algumas citações não soavam muito de acordo com a igreja, então, deveriam ser heréticas! Se não fosse pela coleção de Nag Hammadi que foi descoberta enterrada perto do rio com meu Evangelho, o mundo nunca teria mais que alguns pequenos vislumbres sobre J.

Agora, vamos continuar com Tomé. Ele começa:

Existem três citações secretas que o J vivo falou e Didymus Judas Tomé registrou.

1. E ele disse, “Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos não provará a morte”.

Eu vou usar os números agora, embora minha versão não tenha números, e essa citação tenha recebido o número “1” depois, porque as pessoas não tinham certeza se eu a tinha falado, ou se havia sido J. Tinha sido eu que a tinha falado e escrito, e supunha-se que ela era uma parte dessa breve introdução, não rotulada como uma citação de J. A palavra secretas simplesmente significa que muitas dessas citações foram faladas por J, tanto em particular quanto a um pequeno grupo de pessoas. Não significa que era a intenção dele esconder as coisas.

A pessoa não vai experimentar a morte porque, como já foi dito antes, J estava nos mostrando o caminho para a vida – significando que o que experimentávamos aqui na Terra não era vida, ainda que presumíssemos que fosse. Ele era o J vivo porque tinha alcançado a verdadeira iluminação – sua unicidade com Deus. Vivo nesse caso não se refere a ele estar em um corpo, ainda que parecesse que estava. É uma referência à ressurreição da mente, como citado antes – e também se refere a uma citação do meu Evangelho sobre a qual não vou falar até uma visita posterior. Também, a palavra vivo aqui não tem nada a ver com a ressurreição do corpo, ainda que J tenha aparecido a nós depois da ressurreição.

Eu quero lhe dar um breve esclarecimento agora sobre nomes, por uma razão; o nome de J não era realmente Jesus. Seu nome hebreu era Y’shua, embora nós raramente o chamássemos assim. Para nós, ele era o mestre; não que ele quisesse ser chamado de mestre ou de algo assim em particular, mas porque nós o reverenciávamos naquela época. A tradução do nome dele para o grego, e depois para o inglês, deveria ter terminado como Jeshua, não Jesus. Isso realmente não importa. O que é um nome? Um Cristo com qualquer outro nome não seria um?

GARY: Se realmente não importa, então porque vocês o chamam de J? Porque não Jesus ou Jeshua?

PURSAH: Por que não incluir os dois? Você não é judeu, mas algumas pessoas que vão ler seu livro são. Se eles ignorarem J, então estarão perdendo uma parte da sua herança.

Enquanto estamos falando sobre nomes, eu muitas vezes era chamado do que está traduzido aqui como Didymus, que significa gêmeo. Eu humildemente incluí essa parte do nome na introdução para que as pessoas soubessem quem eu era. Eu tinha uma semelhança fantástica com J. Na verdade, eu era regularmente confundido com ele. Existem aqueles que acreditam que eu realmente era gêmeo de J, mas isso não é verdade. Minhas desculpas àqueles que eu amo, e sinceramente acreditam nos Atos de Tomé, que foram escritos depois e eram gnósticos, e especificamente dizem que eu era gêmeo de J. Desnecessário dizer que alguns dos Atos de Tomé são verdadeiros e outros não, mas uma discussão completa sobre a minha vida como Tomé iria preencher a maioria das nossas visitas.

Entretanto, vou lhe dizer algo mais que apenas eu ou Tadeu poderíamos lhe dizer. Minha semelhança com J era tão grande que, quando eu ouvi que ele ia ser crucificado, quis trocar de lugar com ele para que pudesse ficar livre. Tadeu e eu tentamos chegar perto dele mais de uma vez – primeiro enquanto ele ainda estava preso, e de novo, depois que a procissão começou. Lamentavelmente para nós naquela época, a oportunidade de fazer uma troca nunca realmente se apresentou. Eu teria dado minha vida alegremente por J. Nós não saímos todos correndo feito loucos da cidade da maneira que foi apresentado pelas pessoas que nem mesmo estavam lá. Demorei até que J aparecesse a nós depois da crucificação para perceber que a coisa toda era uma lição que ele tinha escolhido ensinar. O mundo não entendeu a lição da crucificação de início, mas o processo de J ser um professor para o mundo não estava terminado – o que é algo que você, meu querido irmão, logo vai descobrir.

GARY: Ah, tenho anotado aqui que você disse antes que você e os outros discípulos cometeram o erro de dar grande significado ao corpo de J. Depois, você disse que você mesma pensou que a ressurreição era da mente e não tinha nada a ver com o corpo. Qual crença você realmente tinha? Ou você está apenas querendo me enganar aqui?

PURSAH: Muito bom. Nós o estamos desafiando, e não há nada errado em você nos desafiar de vez em quando. A resposta é que, naquela época, eu tinha ambas as crenças. Minha mente ainda estava dividida. Nós também dissemos que estamos falando com você agora com o benefício de um aprendizado posterior. Você terá uma idéia muito melhor sobre o que isso significa conforme continuarmos. Lá atrás, quando eu estava escrevendo esse Evangelho, compreendi intelectualmente muito do que J estava dizendo sobre a importância da mente, mas minha experiência – e isso era ainda mais verdadeiro em relação aos outros discípulos – era a de que nossos corpos, e especialmente o corpo de J, eram muito importantes.

A situação comigo então não era muito diferente da situação com você agora. Hoje em dia, você e seus amigos acreditam na existência de uma trilogia – corpo, mente e espírito. O “equilíbrio” de todos os três é importante em sua filosofia; mas você logo vai aprender ao invés disso, que a mente aparentemente separada, que faz e usa os corpos, precisa escolher entre a realidade eterna e imutável do espírito – que é Deus e Seu Reino – e o universo irreal e mutável dos corpos – o que inclui tudo o que pode ser percebido, quer você pareça estar em um corpo ou não. Isso é a pedra fundamental da mensagem de J. Ele realmente disse, como está escrito no que agora está classificado como citação número 47:

É impossível para um homem montar em dois cavalos, ou retesar dois arcos. E é impossível que um servo sirva a dois senhores, pois ele honra um e ofende o outro.

GARY: Você está dizendo que dar igual valor ao corpo, mente e espírito realmente contribui para que eu fique voltando aqui vezes sem conta como um corpo ao invés de ser livre?

PURSAH: Sim, mas isso não significa que você deveria negligenciar seu corpo. Estamos falando sobre uma outra maneira de olhar para ele. Para encerrar a questão sobre minhas crenças passadas, meu Evangelho meramente registrou coisas que J disse. Ao contrário dos escritores dos Evangelhos posteriores, eu não estava constantemente inserindo minha opinião. Portanto, Tomé não é tanto uma reflexão sobre meu nível de compreensão naquela época quanto um registro de algumas das idéias de J. Por exemplo, essas palavras são um excerto da citação 61:

Eu sou aquele que veio do que é inteiro. Eu vim das coisas do meu Pai. Portanto, eu digo que se alguém é inteiro, será preenchido com luz, mas, se alguém é dividido, será preenchido de escuridão.

Em outras palavras, para revisar um ponto anterior, você não pode ter ambos os caminhos. Você não pode ser um pouco inteiro, mais do que qualquer mulher não pode estar um pouco grávida. Sua lealdade precisa ser indivisa. Você precisa ser vigilante apenas por Deus. Esse estado mental não vem todo de uma vez; ele requer muita prática. Você não aprende nada de valioso da noite para o dia. Quanto tempo levou para você se tornar um bom guitarrista?

GARY: Eu pensei que era bom depois de alguns poucos anos. Mas, depois de dez anos, eu percebi que ainda estava me aperfeiçoando.

PURSAH: Você realmente acredita que atingir o mesmo nível que J é uma tarefa fácil?

GARY: Eu não tenho medo de praticar. Só gostaria de estar um pouco mais seguro de que estou no caminho correto.

PURSAH: Muito bom. Vamos continuar, e você pode segurar seu julgamento até ter mais informação.

GARY: Parece um bom plano.

PURSAH: Você não pode entender o quanto J, que agora está totalmente Identificado com o Espírito Santo, quer se unir totalmente a você. É por isso que ele disse, na citação 108:

Quem beber da minha boca tornar-se-á como eu. Eu mesmo me tornarei ele, e as coisas que estão ocultas ser-lhe-ão reveladas.

A união mística sobre a qual J está falando aqui é algo que acontece bem literalmente. As lições do perdão verdadeiro que permitem que isso aconteça não são para todos simultaneamente – elas são para aqueles que estão prontos para receber instrução individual.

Vou escolher a ti, um entre mil, e dois entre dez mil, e eles serão como um só.

É claro, J escolhe todos, o tempo todo. Mas quantos estão prontos para escutar? Como essa citação obviamente profetizou, as lições do Espírito Santo não serão ouvidas pelas massas. Mas aqueles que ouvem, que são os escolhidos, certamente serão como um só – pois é isso o que são. O Filho de Deus vai voltar ao Reino inteiro e completo, e no final, não haverá ninguém que não esteja conosco. O J oculto não pode perder.
Para vencer, entretanto, você precisa – como a citação número 5 coloca:

Reconheça o que está diante dos teus olhos, e o que está oculto a ti será desvelado. Pois não há nada oculto que não venha ser manifestado.

O que está à frente da sua face é a ilusão, e o Reino de Deus – que parece estar oculto – será revelado àqueles que aprendem com o Espírito Santo o caminho único do perdão de tudo o que está à frente deles, da maneira que J fez. Finalmente, você será um com ele, e não sobrará nada além da sua verdadeira alegria no Reino de Deus.

GARY: Isso tudo é bom e correto, Pursah – mas aqui, no reino da exploração, quando o mundo realmente está bem na sua cara, pode ser um pouco difícil continuar com o sorriso do Espírito Santo.

PURSAH: Não me diga. Eu estive aqui algumas poucas vezes, você se lembra? Eu garanto que nós não vamos lhe dar meras teorias. Você vai aprender maneiras muito práticas de lidar mentalmente com as situações que estão aparentemente diante de você. O resultado vai deixar você com o potencial de atingir a mesma paz de Deus que J. Nesse instante, você acredita que certas coisas têm que acontecer no mundo para você ser feliz. Conforme você atingir a paz de Deus, o resultado finalmente será a habilidade de reclamar seu estado natural de alegria não importando o que pareça estar acontecendo no mundo.
Pois, como você pode ver na citação 113, J estava ensinando que o Reino do Céu é algo que está presente, mesmo que atualmente você não esteja ciente disso.

Seus discípulos disseram-lhe, “Quando virá o Reino?”. Ele disse, “Ele não virá porque é esperado. Não é uma questão de dizer, ‘Eis que ele está aqui’ ou ‘Eis que está ali’. Na verdade, o Reino do Pai está espalhado pela terra, e os homens não o vêem”.

J não está dizendo aqui que o Reino do Pai está na terra. Na verdade, ele sabia que a terra estava em nossas mentes. Ele estava falando sobre algo que as pessoas não vêem porque o Reio do Céu não pode ser visto com os olhos do corpo, que só são capazes de ver símbolos limitados. O Céu não existe dentro do reino da percepção, mas é a forma genuína de vida da qual você finalmente ficará ciente.
Assim como a lagarta se torna a borboleta, você vai se tornar o Cristo – e será um com toda a verdadeira Criação. A ciência da sua unicidade com a Presença de Deus é sua porque Deus a deu a você. Você a esqueceu. Ainda assim, ela continua aqui, enterrada em sua mente. Existe uma maneira de lembrar. E, lembrando, você vai reclamar o que verdadeiramente é, e a que lugar realmente pertence. Nós viemos ajudá-lo – e, através de você, ajudar aos outros também.
Existem algumas citações em Tomé que são similares a citações do Novo Testamento, que J realmente nos ensinou. Vou falar brevemente de algumas delas para você.

26. Tu vês o cisco no olho do teu irmão, mas não vês a trave em teu próprio olho. Quando retirares a trave do teu olho, então verás claramente e poderás retirar o cisco do olho do teu irmão.

31. Nenhum profeta é aceito em sua cidade; nenhum médico cura aqueles que o conhecem.

36. Não vos preocupeis, de manhã até a noite, e de noite até de manhã, com o que vestireis.

54. Bem aventurados os pobres, pois vosso é o Reino do Céu.

Por favor, perceba que essas duas últimas citações não devem ser aplicadas ao nível físico. Elas são sobre não ficar mentalmente apegado às coisas. Elas não têm nada a ver com desistir fisicamente de nada. Se você acreditar que tem que dar algo, então, o está tornando tão real quanto se o cobiçasse. Isso também é verdade sobre a mais curta citação de J:

42. Tornai-vos passantes.

E eu vou lhe dar mais duas citações do Novo Testamento que vieram de Tomé:

94. Aquele que busca encontrará. E para aquele que bate, a porta será aberta.

95. Se tendes dinheiro, não o empresteis a juro, mas dai-o àquele de quem não o recebereis de volta.

Você ocasionalmente vai nos ouvir fazer uma referência a uma citação do Novo Testamento que realmente foi dita por J, mas o significado nem sempre será o mesmo para nós do que o modo com que você geralmente se acostumou a pensar sobre ela. Agora, vou lhe oferecer partes de mais algumas poucas citações de Tomé para lhe dar uma idéia do sistema de pensamento que J estava expressando, que é o sistema de pensamento do Espírito Santo.

11. Os mortos não estão vivos, e os vivos não morrerão.

22. Quando fizerdes dos dois um, e quando fizerdes o interior como o exterior, e o exterior como o interior, e o acima como embaixo, e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho, nem a fêmea seja mais fêmea... então entrareis no Reino.

49. Bem aventurados os solitários e os eleitos, pois encontrareis o Reino. Pois viestes dele e para ele retornareis.

Você se lembra da história do Filho pródigo? Você vai voltar para casa outra vez, mas, para fazer isso, você precisar retraçar seus passos de volta para sua decisão original de ser separado de Deus. Pois, como J diz a seguir, o início e o fim – que são o Alfa e o Ômega – são realmente a mesma coisa:

18. Os discípulos disseram a J, “Diga-nos como será o nosso fim”. Ele disse, “Haveis, então, discernido o princípio, para que estejais procurando o fim? Pois onde estiver o princípio ali estará o fim. Feliz daquele que toma seu lugar no princípio: ele conhecerá o fim e não provará a morte”.

Existe mais uma citação que preciso explicar, porque ela tem sido assunto de muita especulação através dos anos – não apenas dos últimos cinqüenta anos, mas também nos primeiros quatro séculos de existência do Evangelho. Na citação 13, depois de falar para alguns de nós, J me pediu para ir com ele...

E ele o levou, se afastou, e disse três frases a ele. Quando Tomé voltou para junto dos seus amigos, eles perguntaram a ele, “O que J disse a ti?”. Tomé disse a eles, “Se eu contasse a vós as coisas que ele me disse, vós pegaríeis pedras e jogariam em mim, e o fogo viria das rochas e os consumiria”.

O fogo na última linha é a ira de Deus, e você deveria perceber que o apedrejamento era a punição tradicional judaica por blasfêmia, mesmo que não fosse usada com tanta freqüência quanto possa imaginar. Muitas pessoas se perguntaram o que J disse para mim naquela época. Até mesmo os escritores do Novo Testamento – que sentiam estar em competição com meu Evangelho – retrataram Pedro como sendo o aluno favorito de J ao invés de mim. Eu contei a você que eles me desprezavam. De qualquer forma, J não estava preocupado com sua própria segurança quando começou a falar blasfêmias. A razão pela qual ele me disse para não repetir suas afirmações era para me proteger. Essas são as três coisas que ele disse para mim naquele dia.

Tu sonhas com um deserto, onde as miragens são teus governantes e atormentadores, embora essas imagens venham de ti.

O Pai não criou o deserto, e teu lar ainda é com Ele.

Para voltar, perdoe teu irmão, pois só então irás perdoar a ti mesmo.

Dizer em público naquela época que Deus não criou o mundo poderia ter sido fatal para mim. Isso foi naquela época, e estamos no agora – e através da sua liberdade de expressão, todos esses princípios serão amplificados conforme continuarmos. O resultado será um sistema de pensamento que não é linear, mas holográfico – onde o todo é encontrado em cada uma das suas partes.

Eu poderia continuar por horas com Tomé, mas não vou. Como eu disse, ele não é o Santo Graal da espiritualidade. Além disso, nesse exato momento, existe um documento espiritual que se aproxima mais do que qualquer outro de expressar o que J realmente quer dizer. Existe uma excelente razão para isso, que é porque ele o ditou, palavra por palavra, para a pessoa que passou anos da sua vida escrevendo-o. Não existe opinião de nenhuma outra pessoa ali além de J. Ele não foi editado para agradar a nenhuma religião, nem modificado para atrair uma audiência genérica. Sua edição final foi dirigida por J através dessa mulher. Ao contrário de Tomé, ele é uma apresentação completa, assim como um treinamento abrangente. Ele não foi destinado a ser um manual de uma religião, ou um código de comportamento moral. Ele é um sistema de pensamento que propõe que se você cuidar da mente, tudo o mais vai se seguir naturalmente.

Felizmente, esse ensinamento, conhecido como Um Curso em Milagres, não foi projetado para trazer mais outra organização, obcecada em mudar o mundo dos sonhos, ao invés da mente do sonhador. Ele é um auto-estudo, uma metamorfose de cada pessoa em Cristo, que é feita no nível da mente entre você e J, ou entre você e o Espírito Santo, se você preferir pensar dessa maneira. Qualquer um deles vai funcionar. Isso o coloca na posição afortunada de poder aprender mais com o mestre do que poderia ter feito há dois mil anos – se você estiver preparado para usufruir dele. E ele realmente deveria ser chamado de mestre. Muito chamam assim a si mesmos, mas você não os vê saindo por aí curando os doentes e ressuscitando os mortos.

Existem coisas que as pessoas do mundo são capazes de compreender no alvorecer desse novo milênio, que simplesmente não eram capazes de compreender no passado. A mensagem de J não mudou, mas sua habilidade de compreendê-la mudou por causa de um panorama mais amplo do mundo e da mente. J só pode conduzir as pessoas, usando conceitos que elas possam compreender. No final, tudo exceto Deus é uma metáfora, mas existem ensino e aprendizado a serem feitos no meio tempo.

Eu lhe disse antes que as pessoas do mundo nunca vão viver em paz até que tenham paz interior. A paz interior e a verdadeira força são objetivos principais de Um Curso em Milagres, mas ele tem uma maneira única de executar isso dentro de você. O mundo vai mudar como um resultado disso, mas não é para isso que o Curso existe. Ele existe para você. Ele é um presente, mas também um desafio. Você algumas vezes vai ouvir pessoas dizendo que o Curso é simples, mas raramente vai ouvir alguém dizer que é fácil. O mundo vai parecer mudar para você de vez em quando, porque o Curso lida com a causa de tudo, ao invés de com os efeitos. E, o que é esse mundo além de um efeito? Isso certamente não é o que o mundo acredita – mas não há nada a se falar a respeito desse mundo.

ARTEN: Antes de irmos, queremos que você fique pronto para as próximas três semanas. Você será guiado em relação ao que deve fazer, e deveria lembrar de pedir orientação ao Espírito Santo quando tiver tempo. Seja prático. Você não tem que perguntar a Ele se está tudo certo em tomar uma xícara de café, a menos que isso seja um problema para você. Mas não tome decisões importantes por si mesmo, a menos que seja uma emergência e você não tenha tempo. Então, você automaticamente receberá orientação quando precisar.
Em relação à nossa próxima visita, voltaremos em vinte e um dias – e você tem trabalho a fazer nesse ínterim. Por favor, diga-me brevemente do que pode se recordar de quando sua mãe costumava ler para você a alegoria A Caverna, de Platão. Apenas me dê uma idéia geral sobre o que se lembrar.

GARY: Bem, era bem louco. Não tão louco quanto isto, mas... Eu me lembro de que havia homens presos em uma caverna, acorrentados de maneira tão firme que não podiam se mover o suficiente para virar suas cabeças, ou até mesmo seus olhos. Tudo o que conseguiam ver era a parede da caverna à frente deles. Eles ficaram lá por tanto tempo que aquilo era tudo o que podiam se lembrar; era tudo o que conheciam. Eles podiam ver sombras na parede à frente deles, e ouvir alguns sons. Pelo fato de aquilo ser tudo o que conheciam, eles pensavam que o que estavam vendo era a realidade. Era tudo muito sombrio, mas eles estavam tão acostumados com isso que pensavam que era normal, e se sentiam um pouco confortáveis com isso.

Finalmente, um dos prisioneiros consegue se libertar, e é capaz de olhar ao redor e ver que está em uma caverna. Ele também pode ver um pouco de luz vindo da direção da entrada. É preciso um longo tempo para seus olhos serem capazes de suportar a luz, mas, quando ele vai até a entrada da caverna, pode ver pessoas andando de um lado para o outro na estrada do lado de fora, e são as sombras delas que estão sendo projetadas na parede dentro da caverna.

Percebendo que os prisioneiros dentro da caverna não podem ver que o que seus olhos vêem não é verdadeiro, o prisioneiro libertado volta e tenta dividir seu conhecimento com eles. Eles estão tão acostumados ao seu modo de pensar, que realmente não querem ouvir o que aquele que está liberto tem a dizer. Na verdade, é bem o contrário, eles querem matá-lo. É como o que vocês estiveram me contando: As pessoas podem pensar que querem ser livres, mas realmente não querem abrir mão de seu próprio modo de olhar para as coisas.

ARTEN: Obrigado, Gary. Sua mãe está satisfeita. Para Platão, o liberto era seu mentor, Sócrates – que foi executado por ser forçado a beber veneno. Mas você poderia substituir o nome dele pelo nome de centenas de professores que já desafiaram outros a se elevarem acima do mundo. Muitos tiveram seus corpos assassinados no processo, embora isso realmente não importe. Pois, como Platão estava tentando dizer ao mundo com sua história, sua realidade não é nada do que você pensa que é.

Seria útil para você compreender que a realidade de J não é a mesma do mundo. Ele não está aqui, mas na ilusão, do mesmo modo como você acorda em sua cama depois de um sonho, e não está mais sonhando. De vez em quando, você pode experimentar o sonho como real, mas ele não é. Você pode querer trazer J ao seu sonho com você, mas ele tem uma idéia melhor. Ele quer que você acorde, para que possa estar com ele. Ele quer que você seja livre – fora do sonho completamente. Fora da caverna de Platão. Além de todos os limites e fronteiras.

Você sempre pensou que tinha que tentar com mais afinco ser uma pessoa mais amorosa, a fim de que pudesse exemplificar o amor de J. Isso não é verdade. Se você realmente quiser ser o perfeito Amor como ele e Deus, então, o que precisa fazer é aprender como remover, com a ajuda do Espírito Santo, as barreiras que colocou entre você e Deus. Então, você vai, natural e inevitavelmente, se tornar consciente do que realmente é.

Sua determinação admirável de remover o conflito de sua vida o tem colocado em um estado mental onde você está pronto para passar para a pista de alta velocidade. Um estado de mestria espiritual é seu a seu pedido – desde que você continue querendo aprendê-lo. Os ensinamentos de J que vamos compartilhar com você não são para todos – pelo menos não para todos de uma vez só na ilusão linear. Mas eles são para você. Você saberá disso por seu próprio reconhecimento. Se você não reconhecer isso, então, sinta-se livre para nos dizer a qualquer momento, e vamos parar de visitá-lo. Nós não estamos trazendo ordens de Deus a você. Você pode não querer acreditar nisso ainda, mas Deus não exige nada das pessoas. Você acha que é a vontade de Deus que está sendo encenada aqui, mas você e o mundo estão errados sobre isso. É algo mais que está sendo constantemente encenado aqui – isto é, sua aparente separação de Deus. Nós queremos ajudá-lo a voltar para sua realidade com Ele.

A aparente interação entre você e Deus é realmente uma interação dentro de sua própria mente inconsciente dividida – entre a parte de você que esqueceu sua realidade e a parte da sua mente onde o Espírito Santo habita. Ele nunca deixou você. Sua Voz, em relação à qual você vai aprender a se tornar vigilante, é sua memória de Deus – sua memória de seu verdadeiro lar. Essa Voz representa sua realidade esquecida por longo tempo. Agora você precisa aprender como escolher, como os prisioneiros na caverna de Platão, algo que você terá extrema resistência em escolher. Você precisa aprender como escolher entre o Espírito Santo, Que representa seu ser real, e a parte da sua mente que representa seu falso eu. E você vai aprender como fazer isso de tal maneira que sua mente inconsciente, por tanto tempo aprisionada, possa finalmente ser libertada. É literalmente impossível para você fazer isso por conta própria. Você certamente é livre para tentar. Se você se permitir ser ajudado, então muito tempo poderá ser economizado para você.

Então, como nós, você será um com o J oculto. Você raramente vai pensar sobre isso dessa maneira, mas esse será seu verdadeiro trabalho. Tudo o mais que você fizer para estar nesse mundo será apenas um disfarce. Seu verdadeiro trabalho de agora em diante é aprender, praticar e finalmente aplicar de maneira muito hábil a mesma arte de perdão avançado que J praticou. É assim que você vai ser levado de volta ao Reino de Deus pelo Espírito Santo.

Nesse momento, assim como o resto do mundo, você acredita que sabedoria é ter bom julgamento. Durante nossa próxima visita, vamos lhe dizer o que a sabedoria realmente é. De agora até nosso retorno, deixe o Espírito Santo dirigir sua mente. A cada dia, por pelo menos cinco minutos, pense sobre Deus e no quanto você O ama. Então, da mesma forma que fazia antes de nossa primeira visita, aquiete sua mente. Você vai descobrir, meu querido irmão, que águas serenas correm mais profundamente.

Assim como com muitas pessoas, tem havido épocas em sua vida em que você tem estado preocupado com a possibilidade de ir para o inferno. Você não percebe que já está lá. Existe uma antiga tradição hebraica que diz que o inferno é a distância de Deus, e o Céu é a proximidade Dele – um pensamento que é muito válido. Conforme sua mente for sendo guiada em direção à sua nova aventura, tente se lembrar que tudo o que você observa no universo da percepção tem um de dois propósitos entre os quais você pode escolher. Um propósito vai mantê-lo aprisionado, o outro vai libertá-lo. Se você escolher a interpretação do Espírito Santo sobre o que está vendo, então, vai descobrir, como J ensina na nova escritura:

... Tudo o que te é dado é para a liberação: a vista, a visão e o Guia interior, todos te conduzem para fora do inferno com aqueles que amas a teu lado e o universo junto com eles. (UCEM – LT – pág. 715)


Fonte: Cap. 2 do livro: O Desaparecimento do Universo

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