4 de abril de 2009

TAI CHI CHUAN

TAI CHI CHUAN


Meu querido Mestre de Tai Chi Chuan, Mario Nascimento, aluno de Mestre Chan,, o primeiro no chão à esquerda... Parte de nossa turma de Tai Chi na praça, Praia das Pitangueiras, que fica em nossa ilha > Guarujá -SP... Eu sou aquela no chão também, a segunda à direita, ao meu lado, em seguida está a Iza, minha querida mestra de Tai Chi também, um ser lindo, lindo, só conhecendo... Mestre Mario me presenteou com esse magnífico e poético texto sobre a prática de Tai Chi... Não resisti e quis compartilhar com todos os meus amigos de Blog! Sou grata queridos Mestres por todo aprendizado e carinho!
Lena


Introdução


Veio da China e nasceu da observação da luta de um falcão e de uma serpente. Chan San Feng, um monge taoista, viu que toda vez que o falcão atacava, a serpente se esquivava de seu raio de ação, tornando a força agressora inútil. Dessa descoberta nasceu o Tai Chi Chuan, no século XII. É um conjunto de exercícios e movimentos que tem como base a não reação violenta e o perfeito equilíbrio para dançar diante do agressor. Como a serpente fez com o falcão; como as plantas fazem com o vento.

Para a prática do Tai Chi Chuan os músculos deves estas soltos, relaxados, para facilitar os movimentos. Todos os gestos nascem do baixo ventre (Tan Tien), propagam-se pelos braços e pernas. Sempre com suavidade e muito equilíbrio, leveza, quase uma dança. Há possibilidade de 108 movimentos. Mas nem todos os Mestres trabalham com todos eles. Uns trabalham com 80, outros apenas 24 movimentos básicos. Os exercícios têm uma sequência e podem ser feitos ao ar livre ou em salas espaçosas, e de forma fixa (sem passos) ou móvel (com passos) e livre (com os dois tipos).

Apesar da leveza e suavidade dos movimentos, o Tai Chi mexe com todos os músculos do corpo – cada ligamento, cada articulação é trabalhada. A naturalidade dos movimentos depende de uma perfeita e consciente integração de cada parte do corpo.

O Tai Chi é muito mais que um aprendizado de defesa pessoal.

É uma filosofia realista de colocação do indivíduo no mundo, como parte do mundo. Estamos no mesmo barco. Todos, homens, animais, plantas, terra, água, vento. E não nos percebemos como parceiros, mas como inimigos. Mais ainda, brigamos até com nossa própria canoa – nosso corpo, esse desconhecido, coitado, não assumido, que sofre todo tipo de pressão, e reage tencionando tudo.

Sem mágica nem truque. Com movimentos suaves, lentos, macios, o Tai Chi propõe um equilíbrio de corpo e cabeça para funcionar como uma força pacifista. Tipo: eu não luto, mas danço com perfeito equilíbrio diante da luta. Eu me esquivo. Quem ataca despende muita energia negativa. O próprio impulso de agressão desestabiliza. Quem percebe isso leva uma vantagem. É como se alguém estivesse fazendo força para abrir uma porta e de repente essa porta fosse aberta pelo lado de dentro. Quem forçava vai cair. Se o agressor não encontra o alvo perde a estabilidade. É exatamente isso que o Tai Chi propõe: sair do raio de ação do agressor.

Como defesa pessoal, por exemplo, o Tai Chi seria um jogo de “você não me pega, só gasta sua energia, tentando me alcançar. Apresento meu equilíbrio e minha paciência contra sua força. Não sou de guerra. Estou em paz.”

O Tai Chi usa a suavidade contra a dureza. Usa o movimento como defesa. Por isso é tão leve e suave. Propõe o auto conhecimento e a extrema atenção no eu e no outro como a maior possibilidade de relação. A gente só pode respeitar o outro quando conhece profundamente nossa própria força e vontade, quando se respeita. Aliás, qualquer relação só tem sentido quando é de troca. Ninguém pode só dar. Nem só receber. Nós somos parte do mundo. E é essa a nossa força. Somos únicos. Somos grupo. Singular e plural ao mesmo tempo. O Tai Chi propõe essa percepção. Não é uma luta, não é uma dança, nem um tido especial de ginástica. É uma filosofia e um trabalho de corpo e espírito que resulta em mais saúde física e mental. Resulta num equilíbrio interno e externo. Melhor ainda, não tem contra-indicação. Pode ser praticado por pessoas de qualquer idade – de 5 a 100 anos – com resultados diferentes, mas sempre positivos. Não exige preparo físico. Serve a fracos e fortes. Ajuda a curar doenças, como obesidade, pressão alta, insônia, coluna. Melhora a circulação espanta o reumatismo e ainda por cima aumenta a capacidade respiratória, a concentração e retarda o envelhecimento. Sem usar força, sem sofrer. Completamente relaxado e em paz, pode-se trabalhar o corpo e o espírito no pique dos sábios orientais – com paciência e doçura. Isso é o Tai Chi Chuan. Uma pílula de paz nesse mundo de guerra.


AS DEZ REGRAS BÁSICAS


Relaxe todos os músculos, inclusive do rosto, então assumirá uma expressão serena.

Expulse os pensamentos. Fique somente consciente dos movimentos do corpo.

Execute os movimentos num ritmo tão lento quanto possível.

Conserve o mesmo ritmo lento, mesmo sentindo vontade de executar alguns movimentos numa velocidade maior.

Respire com calma pelo nariz.

Cada movimento deve ser fácil de executar. Se não for, é porque algo está errado.

Nunca continue até o fim, conservando sempre uma pequena reserva para o momento seguinte; pensa em yin-yang, onde no plano branco á se vê um ponto preto, e no plano preto, um ponto branco.

Execute cada movimento com cuidado e atenção. Cada detalhe é importante. Faça tudo como se fosse a primeira vez.

Não faça força. Cada gesto é leve e macio.


Tai Chi Chuan é contínuo do início ao fim. O movimento nunca para completamente e em nenhum momento há imobilidade.

Além dessas regras básicas, existem observações feitas por mestres, tentando resumir em sentenças curtas a experiência de muitos anos.

Alguns exemplos: “Assim como existe o alto, existe o baixo”; “o adiante e o atrás”; “à direita e à esquerda”; “vou devagar, porque tenho pressa”.

Querendo fazer um movimento para cima, já pense antes em voltar seguindo uma linha para baixo. Se você elimina uma resistência, a causa da resistência se desfaz sozinha e o progresso será veloz.

“Os movimentos seguem as mudanças do corpo”.

“Pense bem: se uma parte do corpo mexer, todas as outras partes também se mexem; se uma parte está parada, todas as outras estão paradas”.

“Esteja na tranqüilidade como a montanha, no movimento do rio”.

Com a experiência, essas regras e observações vão adquirindo cada vez mais um sentido profundo.-


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