26 de abril de 2013

““ENQUANTO VOCÊ TIVER UMA IMAGEM DE SI MESMO, NÃO ESTABELECE RELAÇÃO COM O OUTRO”: Krishnamurti, Bohm e Shainberg




Eis aqui um rico e curioso diálogo sobre questões da consciência (e inconsciência) humana exploradas por três grandes figuras: o filósofo indiano Jiddu Krishnamurti (1895-1986), o físico anglo-americano-brasileiro David Bohm (1917-1992) e o psiquiatra americano, David Shainberg (1932-1993).  Se Jung estava certo ao dizer que o Yoga “é uma descrição filosófica dos fenômenos psíquicos” (Yoga & Consciência, Antonio Renato Henriques), esse diálogo toca seguidamente nesse capacidade, errando e acertando, errando e acertando de novo e de novo. Esse diálogo de 1h faz parte de uma série “The Power of Illusions“ (O Poder das Ilusões), que contém outras sete partes, todas filmadas em Brockwood Park (Inglaterra) em maio de 1976. E que virou livro em 1979, intitulado “The Wholeness of Life“.

Porque nós dividimos o consciente do inconsciente? Ou é um processo unitário total se movimentando? Não escondido, não oculto, mas movendo-se como uma corrente inteira? ~ Jiddu Krishnamurti
O inconsciente existe? Está em outro lugar oculto, fragmentado, e vem à tona quando explorado e trazido à consciência? Ou é tão óbvio que estão todo tempo à nossa frente e não vemos? O que o inconsciente tem a ver com a imagem que fazemos de nós mesmos? O que acontece com uma criança quando ela parece sofrer? O que os pais tem a ver com a imagem que a criança faz de si mesma? Essa e várias outras questões são propostas por Krishnamurti, e Shainberg faz um papel absolutamente essencial que é o de questionar o filósofo e o de injetar as questões da psicologia moderna nessa investigação filosófica existencial — que apesar de ser inominada, tem óbvia influência da milenar tradição hindu e suas mil escolas, como o Yoga e a Teosofia. Nesse sentido, o psiquiatra Shainberg aparece para aprimorar e dar mais nitidez a questões e dúvidas que a psicologia propõe e estuda, confrontando-as com as respostas da sabedoria sintetizada de Krishnamurti. Como, por exemplo, quando se discute a influência dos pais e a necessidade biológica e psíquica da criança de sua presença e proteção. Essa tradução em exemplos práticos é parte desse diálogo de aparentes opostos:
Krishnamurti – Eu não quero pensar em alguém porque ele me feriu. Isso não é o inconsciente, não quero pensar nisso.
Shainberg – Certo.
Krishnamurti – Estou consciente, ele me feriu e não quero pensar nisso.
Bohm – Mas um tipo de situação paradoxal surge porque eventualmente você fica tão bom nisso que não percebe que está fazendo isso. Quer dizer, isso parece acontecer.
Krishnamurti – Sim, sim.
Bohm – As pessoas tornam-se tão hábeis em evitar aquelas coisas que param de perceber que estão fazendo. Torna-se habitual.
Shainberg – Certo. Acho que é isso que acontece. Que esses tipos de coisas, as feridas…
Krishnamurti – A ferida permanece.
Shainberg – A ferida permanece e nós esquecemos que nos esquecemos.
A questão da imagem que fazemos de nós mesmos é central e não demora a Krishnamurti colocá-la na mesa de centro, com a anuência de Shainberg e Bohm. ”Porque eu tenha essa imagem (de mim mesmo) pra começar? Isso é o inconsciente”, propõe Shainberg. “ É inconsciente? É nisso que quero chegar. Ou isso é tão óbvio que não olhamos?“, responde Krishnamurti.
“Enquanto você tiver uma imagem de si mesmo, você não terá nenhuma relação com o outro”. ~ Jiddu Krishnamurti
Segue o vídeo do quinto diálogo da série, “Existe o Cérebro Inconsciente?” (57min42seg), legendados em português e publicados no YouTube pelo canal KrishamurtiBrasil:


J.Krishnamurti - Existe o Cérebro Inconsciente?

"Estamos lidando com a vida diária real de cada ser humano. Estamos lidando com fatos reais, como o medo, prazer, sofrimento, morte e se há alguma coisa sagrada na vida. Porque se nãoencontrarmos algo real, algo que seja verdadeiro, a vida tem muito pouco significado. Mas para isso você precisa ser sério, sério de fato. Ouvir com cuidado, com atenção, com um sentimento de afeição, sem concordar ou discordar. Se você realmente se importa em descobrir como viver corretamente, qual é a relação correta entre os seres humanos, então penso que você compartilharia, inteiramente, tudo que foi abordado em nosso diàlogo." - J.Krishnamurti

- Estes diàlogos com o físico Dabid Bohm e o psiquiatra Davis Shainberg trazem à luz a questão da fragmentação da mente que é profundamente condicionada pela raça e nacionalidade, religião e ideologia, todas elas produzindo divisão, medo e conflito.

A Transformação do Homem

Diàlogos realizados entre David Bohm (Físico), David Shainberg (Psiquiatra), e J.Krishamurti. São 7 Diàlogos com duração de aproximadamente 1 hora realizados em Brockwood Park em Maio de 1976, abordando vários temas como:

1 - Estamos conscientes de que estamos fragmentados?
2 - Um Modo Mecânico de Viver leva a Vida à Desordem.
3 - A Consciência pode esvaziar a si própria?
4 - Sobre a Criação de Imagens.
5 - Existe o Cérebro Inconsciente?
6 - O Observador é a coisa Observada?
7 - O que é a Morte? A Morte tem algum significado?

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Cuide Bem de Você !

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